No município de O Bolo, na província de Ourense, encontram-se dois pontos de grande interesse patrimonial e que merecem seguramente um visita com detalhe: o Santuário das Ermitas e a torre do Castelo de O Bolo
O
Barroco churrigueresco num enclave pitoresco
O
santuário das Ermitas foi mandado construir pelo Bispo de Astorga D. Alonso
Messía de Tobar como forma de agradecimento à Virgem pela cura de uma grave
doença. A sua fachada é obra barroca churrigueresca (barroco demasiado
extravagante, passe o pleonasmo), com decoração muito trabalhada, neste caso em
pedra de granito, como se fosse um retábulo e rematada por duas torres. A obra
é de Manuel e Francisco de Lastra., realizada entre os séc. XVII e XVIII.
Apresenta
um adro frontal, em cujo centro se situa um cruzeiro que simboliza a árvore da
salvação, sobre um pedestal alegórico, do século dezoito.
Este adro é fechado
pela esquerda por um conjunto de pórticos com lintel e pela direita por um
edifício majestoso, em granito, que faz parte da administração do santuário. No
século XX, a casa da administração funcionou durante duas décadas como filial
do seminário menor de Astorga. A
separá-lo da rua, a leste, apresenta um
gradeamento magnífico em ferro forjado.
A
igreja apresenta uma planta de cruz latina com três naves de desigual largura.
Possui uma capela-mor e cruzeiro. Esta igreja, devido à orografia do terreno,
está localizada contrariamente à liturgia, pois, em vez de estar ‘orientada’,
está ‘ocidentada’, isto é, a abside escavada na rocha está orientada para
ocidente e a fachada para oriente.
Apresenta
uma Viacrucis inspirada no santuário do Bom jesus de Braga. É formada por
catorze estações e a Ressurreição, sendo que as quatro primeiras se encontram
ainda dentro do adro.
Foi, durante largos anos, local de devoção de
milhares de peregrinos de toda a Galiza sul e do norte de Portugal.
Torre do Castelo de O Bolo
Localiza-se
possivelmente num lugar outrora ocupado por um antigo povoado castrejo, mas só
no século XII apareceram as primeiras referências documentais ao castelo,
documentos onde se relata sua fundação real.
No século XIV,
o rei Pedro I de Castela concedeu à vila foro de realengo, em agradecimento à
sua fidelidade na guerra civil que o opunha a Henrique de Trastâmara.
No século XV,
o rei João II de Castela confirmou os privilégios da vila, na altura em que
concedeu a fortificação aos condes de Benavente.
A fortificação
também pertenceu aos condes de Lemos, inimigos acérrimos dos de Benavente, que
chegaram a possuir o título de Condes do Bolo.
O castelo
medieval possuiu planta retangular com sete cubos e a torre de menagem. A torre
foi reedificada por Xoán Pimentel no século XV, seguindo o estilo ogival.
A torre de
menagem é de planta quadrada. Construída em perpianho de granito bem lavrado,
alcança uma altura de 18 metros e cerca de 10 metros de lado. Não conserva nem
o ameado nem o beirado. Aquilo que hoje se vê é reconstrução recente, até porque o granito
azul da torre difere bem do granito doce das ameias e do beirado.
Distribui-se
em 3 andares e uma cave com abóbada de canhão apontado, reforçado por 3 arcos.
Tem-se acesso à torre mediante uma porta de acesso em altura, aberta no
primeiro andar.
No interior,
podem-se apreciar a entrada do subterrâneo, os algibes e um quarto.
Abre-se outra
torre de arco apontado que permite o acesso ao pátio de armas. A partir da
porta de entrada ao pátio de honra, apresenta um arco de volta perfeita. Junto
a esta porta conserva-se uma torre cilíndrica e parte da cerca defensiva, com
uma grossura de 2 metros e 25 centímetros, que conserva vários sinais de
canteiros.
Além destes
elementos, conservam-se outros como o algibe (cisterna)
e muralhas com o adarve
(ponto de passagem para as rondas).No seu interior encontra-se uma construção restaurada que evoca parte da vida dentro do castelo.
A povoação de O Bolo é hoje bastante pequena, com pouco mais de uma centena de casas, mas apresenta algumas com arquitetura muito marcante e digna de nota. A sua igreja, como quase todas as igrejas galegas, encontra-se rodeada pelo cemitério, e é necessário contorná-lo na íntegra para podermos ver a fachada principal, com a permanência de uma porta românica simples, de duas voltas.
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