terça-feira, 11 de setembro de 2018

Pela Cascata da Pedra da Ferida até à Louçainha


O percurso deste trilho apresenta duas modalidades distintas e só o mais divulgado é que tem sido percorrido por um grande número de pessoas. Não é marcado, mas também não tem nada que enganar.
Situa-se no concelho de Penela, freguesia do espinhal e desenvolve-se ao longo da linha de um curso de água conhecida como Ribeira da Azenha. Ao longo da ribeira é visível a existência de inúmeros destes engenhos, hoje em ruínas, exceto um que foi restaurado pela Câmara para deleite de quem visita a cascata.
Para aceder à cascata é necessário ir a pé, deixando os carros mais ou menos distantes do ponto-alvo. Na versão caminhada, o ideal é deixar os carros na povoação do Espinhal e ir a pé uns 2,5 km. até ao ponto onde está o parque de merendas e aí começar a ascensão até à cascata.
Esta parte está bem estruturada, com pontes de passagem, cordas de apoio e degraus nas pedras, até se atingir a vistosa cascata com 32 metros de altura, a mais alta do distrito de Coimbra.
É essa cascata que dá nome ao percurso e é possível vislumbrá-la de frente. Poeticamente é designada como Cascata da Pedra da Ferida.
Mais do que uma vez já tinha feito este percurso, linear, regressando ao ponto de partida.
 

















Contudo, tendo ouvido que havia agora ligação para a parte superior da cascata (até porque começaram a parecer descrições e ficheiros GPX que assinalavam a passagem para pontos a montante da cascata, resolvi seguir o leito da ribeira até à Louçainha, a ver no que dava
Realmente, à direita da cascata, no sentido de quem sobe, surgem alguns pontos de progressão por pedras e ‘degraus’ que, em curto espaço de tempo nos levam ao topo da queda de água, não sem que se tenha feito um bom esforço, com o uso de mãos e bastões.
A paisagem com que nos deparamos é agora totalmente nova, pois vemos a cascata de cima para baixo e reparamos que outras quedas de água nos esperam a seguir. Aqui começa a verdadeira caminhada técnica e a dificuldade aumenta proporcionalmente à elevação.
É necessário usar as mãos em cabos de aço e passar traves com 15 cm. de largura, subir uma ou outra mais destacada, degraus que a cancha não alcança e que só com as mãos resulta.
Antes de chegarmos à ponte de Carvalhal da Serra voltamos a passar por mais de uma dezena de moinhos em ruínas, marcas de outros tempos, em que o homem tirava toda a força da água para moer o pão do dia-a-dia.

Há mesmo um caso de três moinhos movidos pela força da mesma levada, o que demonstra o acentuado declive da ribeira neste ponto.
 



Antes da ponte é necessário derivar à esquerda, para atingir a estrada municipal e depois passar a ponte para, antes da fonte que aí está e, mal acabam as guias da ponte, virar à esquerda e voltar a acompanhar o leito da ribeira. A ascensão agora é menos difícil, mas, ainda assim, encontramos alguns pontos de subida com degraus muito rudimentares que obrigam a ter muito cuidado dom os deslizes.    
Passamos várias vezes o leito da ribeira para um lado e para o outro, desta vez pelas pedras ou pontes muito rudimentares – às vezes um tronco ou dois – e seguros por uma corda.

Um par de km. mais acima começamos a avistar o parque de lazer e de merendas da praia fluvial da Louçainha, o nosso destino.
Pela descrição que acabei de fazer, creio que fica claro que o percurso se ajusta a dois tipos de caminhantes: do espinhal até à cascata e regresso é possível ser feito pela generalidade das pessoas com mobilidade normal e não é exigido nenhum esforço físico especial; a progressão a partir da cascata implica uma boa condição física, calçado adequado com grande aderência e não se pode ter vertigens.
Finalmente devo destacar que este percurso não deve ser feito em dias de chuva nem nos casos em que nos dias imediatamente anteriores tenha chovido, pois as pedras estão muito polidas e haverá deslizes de terras e lodo.
Globalmente é, para mim, um dos mais belos percurso da zona centro.
Regressei ao Espinhal por caminhos de floresta, passando por Carvalhal da Serra, e visitando os miradouros referenciados quando se visita a serra do Espinhal.

Tipo de Rota: linear
Itinerário: Espinhal – Cascata da Pedra da Ferida – Ponte de Carvalhal da Serra – Praia fluvial da Louçainha
Extensão: 6.57 km.
Duração: 3 h.
Desnível: 482 m. ascendente

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

PR4 LSA - Rota das quatro aldeias de xisto (Lousã)

O PR4 LSA (Lousã), é conhecido pelo nome de Rota das quatro aldeias de Xisto (Candal, Catarredor, Vaqueirinho e Talasnal). Existem depois variantes sobre o traçado inicial, permitindo que alguns caminheiros adicionem mais uma ou dias aldeias (Chiqueiro e Casal Novo) e outros eliminem a aldeia do Candal do trajeto e outros, ainda, façam dele um percurso linear, desde O Castelo/Srª da Piedade até ao Candal ou vive-versa.
A variante que aqui se apresenta é circular, com início e fim no Candal e não vai à Srª da Piedade, uma vez que as viaturas ficam no ponto de início. Atendendo  à necessidade de vos apresentar o trajeto adequado ao nosso grupo de caminhadas, faço a seguir uma descrição objetiva de todo o trajeto.
Deste modo, o percurso começa na pitoresca e hoje bem restaurada aldeia do Candal, com a sua disposição tão caraterística das aldeias-presépio. Candal merece uma visita que permite observar as belíssimas casas e ruas hoje restauradas e habitadas por ainda bastantes pessoas. Honestamente, só mesmo esta primeira visita é considerada fácil, porque a partir do momento que entramos no trilho o grau de dificuldade aumenta proporcionalmente à beleza que nos vai encantando. A progressão é feita mais de 70% em ravina, o que torna a dificuldade técnica deste percurso elevada.


Seguimos pelo meio de bosques de diversa natureza, desde soutos centenários que povoam as inclinadas encostas viradas a noroeste até carvalhais e mesmo algumas manchas de sobreiro, decaindo em beleza para alguns pinhais e também ainda bastantes eucaliptais. O caminho, sempre trilho de pé posto, obriga-nos a seguir em fila e a trepar ou saltar fragas de xisto que o tempo se encarregou de deixar a nu. É preciso alguma atenção, principalmente nos dias com o piso húmido ou molhado, por causa dos deslizes.
Tendo tudo isto em atenção, resta agora desfrutar de tanta beleza que cada aldeia depois nos apresenta.

A primeira que se apresenta é Catarredor, uma aldeia a necessitar de uma intervenção urgente de recuperação orientada, que vá muito além dos ligeiros restauros feitos por um ou dois moradores que ainda por lá permanecem. Tem todo o potencial e merece esse investimento, pois as ruas, portas e janelas fazem um todo feérico que nos lembra outras histórias.

Descendo às ribeiras e subindo às povoações aparece depois Vaqueirinho, uma aldeia que já apresenta sinais de restauro e bom gosto no toque que está a ser dados às habitações intervencionadas. Não tem nenhuma intervenção nem aproveitamento comercial, o que lhe deixa bastante potencial para uma comunhão mais aberta com a natureza e permite estar e ficar por mais tempo.



A última das localidade deste quarteto é  Talasnal, hoje muito intervencionada e explorada para fins turístico. É evidente que gostamos de ver as casas restauradas, de poder comer um bom prato serranos num dos 3 restaurantes que agora já possui e provar os produtos regionais ou apreciar o artesanato local, mas já se nota uma globalização do mercado: os menus já têm ementas nada típicas e o artesanato já tem algumas coisas made in China. E isso não parece ser o futuro que se pretende. De louvar é a densidade populacional que a aldeia tem hoje, recuperando parte da população (não obrigatoriamente a original) e bastantes jovens. Se aquilo que digo anteriormente é o custo dessa renovação, então que seja, porque vale a pena.
 










Depois do Talasnal temos uma descida de dificuldade considerável até uma bifurcação que nos conduz de volta ao Candal ou então nos leva para o castelo, com passagem pela mini-hídrica e a capela da Ermida. No nosso caso seguimos para a direita, seguindo a levada durante mais de 1 km., até que somos ‘convidados’ a começar a subir.
Essa subida de mais de 1 km. é obscenamente difícil, principalmente em dias de calor e com sol. Quando atingimos o seu topo temos uma sensação de proximidade á estrada nacional devido ao barulho das viaturas que passam e começamos a avistar as casas mais afastadas da aldeia do Candal.
Ainda baixamos até à ribeira e podemos contemplar a cascata e depois, finalmente, entramos no Candal pelo conjunto de casas abandonadas e hoje em ruínas que se observam ao longo no início do percurso. É uma perspetiva bem diferente daquela a que estamos acostumados.

Tipo de Rota - Circular  
Extensão - 12.6 km.
Desnível - 602 / 617 m Ascendente / Descendente
Dificuldade – Média/alta
Duração - 6 horas