O percurso deste trilho apresenta duas modalidades distintas e só o
mais divulgado é que tem sido percorrido por um grande número de pessoas. Não é
marcado, mas também não tem nada que enganar.
Situa-se no concelho de Penela, freguesia do espinhal e desenvolve-se
ao longo da linha de um curso de água conhecida como Ribeira da Azenha. Ao
longo da ribeira é visível a existência de inúmeros destes engenhos, hoje em
ruínas, exceto um que foi restaurado pela Câmara para deleite de quem visita a
cascata.
Para aceder à cascata é necessário ir a pé, deixando os carros mais ou
menos distantes do ponto-alvo. Na versão caminhada, o ideal é deixar os carros
na povoação do Espinhal e ir a pé uns 2,5 km. até ao ponto onde está o parque
de merendas e aí começar a ascensão até à cascata.
Esta parte está bem
estruturada, com pontes de passagem, cordas de apoio e degraus nas pedras, até
se atingir a vistosa cascata com 32 metros de altura, a mais alta do distrito
de Coimbra. É essa cascata que dá nome ao percurso e é possível vislumbrá-la de frente. Poeticamente é designada como Cascata da Pedra da Ferida.
Mais do que uma vez já tinha feito este percurso, linear, regressando
ao ponto de partida.
Contudo, tendo ouvido que havia agora ligação para a parte superior da
cascata (até porque começaram a parecer descrições e ficheiros GPX que
assinalavam a passagem para pontos a montante da cascata, resolvi seguir o leito
da ribeira até à Louçainha, a ver no que dava
Realmente, à direita da cascata, no sentido de quem sobe, surgem
alguns pontos de progressão por pedras e ‘degraus’ que, em curto espaço de
tempo nos levam ao topo da queda de água, não sem que se tenha feito um bom
esforço, com o uso de mãos e bastões.
A paisagem com que nos deparamos é agora
totalmente nova, pois vemos a cascata de cima para baixo e reparamos que outras
quedas de água nos esperam a seguir. Aqui começa a verdadeira caminhada técnica
e a dificuldade aumenta proporcionalmente à elevação. É necessário usar as mãos em cabos de aço e passar traves com 15 cm. de largura, subir uma ou outra mais destacada, degraus que a cancha não alcança e que só com as mãos resulta.
Antes de chegarmos à ponte de Carvalhal da Serra voltamos a passar por
mais de uma dezena de moinhos em ruínas, marcas de outros tempos, em que o
homem tirava toda a força da água para moer o pão do dia-a-dia.
Há mesmo um caso de três moinhos movidos pela força da mesma levada, o que demonstra o acentuado declive da ribeira neste ponto.
Antes da ponte é necessário derivar à esquerda, para atingir a estrada
municipal e depois passar a ponte para, antes da fonte que aí está e, mal acabam
as guias da ponte, virar à esquerda e voltar a acompanhar o leito da ribeira. A
ascensão agora é menos difícil, mas, ainda assim, encontramos alguns pontos de
subida com degraus muito rudimentares que obrigam a ter muito cuidado dom os deslizes.
Passamos várias vezes o leito da ribeira para um lado e para o outro, desta vez
pelas pedras ou pontes muito rudimentares – às vezes um tronco ou dois – e seguros
por uma corda.
Um par de km. mais acima
começamos a avistar o parque de lazer e de merendas da praia fluvial da
Louçainha, o nosso destino.
Pela descrição que acabei de fazer, creio que fica claro que o
percurso se ajusta a dois tipos de caminhantes: do espinhal até à cascata e
regresso é possível ser feito pela generalidade das pessoas com mobilidade
normal e não é exigido nenhum esforço físico especial; a progressão a partir da
cascata implica uma boa condição física, calçado adequado com grande aderência
e não se pode ter vertigens.
Finalmente devo destacar que este percurso não deve ser feito em dias
de chuva nem nos casos em que nos dias imediatamente anteriores tenha chovido,
pois as pedras estão muito polidas e haverá deslizes de terras e lodo.
Globalmente é, para mim, um dos mais belos percurso da zona centro.
Regressei ao Espinhal por caminhos de floresta, passando por Carvalhal
da Serra, e visitando os miradouros referenciados quando se visita a serra do
Espinhal.
Tipo de Rota: linear
Itinerário: Espinhal –
Cascata da Pedra da Ferida – Ponte de Carvalhal da Serra – Praia fluvial da
Louçainha
Extensão: 6.57 km.
Duração: 3 h.
Desnível: 482 m. ascendente
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