O PR4 LSA (Lousã), é conhecido pelo nome de Rota das quatro aldeias de
Xisto (Candal, Catarredor, Vaqueirinho e Talasnal). Existem depois variantes sobre
o traçado inicial, permitindo que alguns caminheiros adicionem mais uma ou dias
aldeias (Chiqueiro e Casal Novo) e outros eliminem a aldeia do Candal do
trajeto e outros, ainda, façam dele um percurso linear, desde O Castelo/Srª da Piedade
até ao Candal ou vive-versa.
A variante que aqui se apresenta é circular, com início e fim no
Candal e não vai à Srª da Piedade, uma vez que as viaturas ficam no ponto de
início. Atendendo à necessidade de vos apresentar o trajeto
adequado ao nosso grupo de caminhadas, faço a seguir uma descrição objetiva de
todo o trajeto.
Deste modo, o percurso começa na pitoresca e hoje bem restaurada
aldeia do Candal, com a sua disposição tão caraterística das aldeias-presépio.
Candal merece uma visita que permite observar as belíssimas casas e ruas hoje
restauradas e habitadas por ainda bastantes pessoas. Honestamente, só mesmo
esta primeira visita é considerada fácil, porque a partir do momento que entramos
no trilho o grau de dificuldade aumenta proporcionalmente à beleza que nos vai
encantando. A progressão é feita mais de 70% em ravina, o que torna a
dificuldade técnica deste percurso elevada.
Seguimos pelo meio de bosques de diversa natureza, desde soutos centenários
que povoam as inclinadas encostas viradas a noroeste até carvalhais e mesmo
algumas manchas de sobreiro, decaindo em beleza para alguns pinhais e também
ainda bastantes eucaliptais. O caminho, sempre trilho de pé posto, obriga-nos a
seguir em fila e a trepar ou saltar fragas de xisto que o tempo se encarregou
de deixar a nu. É preciso alguma atenção, principalmente nos dias com o piso
húmido ou molhado, por causa dos deslizes.
Tendo tudo isto em atenção, resta agora desfrutar de tanta beleza que
cada aldeia depois nos apresenta.
A primeira que se apresenta é Catarredor, uma aldeia a necessitar de uma intervenção urgente de recuperação orientada, que vá muito além dos ligeiros restauros feitos por um ou dois moradores que ainda por lá permanecem. Tem todo o potencial e merece esse investimento, pois as ruas, portas e janelas fazem um todo feérico que nos lembra outras histórias.
Descendo às ribeiras e subindo às povoações aparece depois
Vaqueirinho, uma aldeia que já apresenta sinais de restauro e bom gosto no
toque que está a ser dados às habitações intervencionadas. Não tem nenhuma
intervenção nem aproveitamento comercial, o que lhe deixa bastante potencial
para uma comunhão mais aberta com a natureza e permite estar e ficar por mais
tempo.
A última das localidade deste quarteto é Talasnal, hoje muito intervencionada e
explorada para fins turístico. É evidente que gostamos de ver as casas
restauradas, de poder comer um bom prato serranos num dos 3 restaurantes que
agora já possui e provar os produtos regionais ou apreciar o artesanato local,
mas já se nota uma globalização do mercado: os menus já têm ementas nada
típicas e o artesanato já tem algumas coisas made in China. E isso não parece
ser o futuro que se pretende. De louvar é a densidade populacional que a aldeia
tem hoje, recuperando parte da população (não obrigatoriamente a original) e
bastantes jovens. Se aquilo que digo anteriormente é o custo dessa renovação,
então que seja, porque vale a pena.
Depois do Talasnal temos uma descida de dificuldade considerável até
uma bifurcação que nos conduz de volta ao Candal ou então nos leva para o
castelo, com passagem pela mini-hídrica e a capela da Ermida. No nosso caso
seguimos para a direita, seguindo a levada durante mais de 1 km., até que somos
‘convidados’ a começar a subir.
Essa subida de mais de 1 km. é obscenamente
difícil, principalmente em dias de calor e com sol. Quando atingimos o seu topo
temos uma sensação de proximidade á estrada nacional devido ao barulho das
viaturas que passam e começamos a avistar as casas mais afastadas da aldeia do
Candal. Ainda baixamos até à ribeira e podemos contemplar a cascata e depois, finalmente, entramos no Candal pelo conjunto de casas abandonadas e hoje em ruínas que se observam ao longo no início do percurso. É uma perspetiva bem diferente daquela a que estamos acostumados.
Tipo de Rota - Circular
Extensão - 12.6 km.
Desnível - 602 / 617 m Ascendente / Descendente
Dificuldade – Média/alta
Duração - 6 horas
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