A Rota tem o seu início no Parque Desportivo de Vila
maior e faz um périplo de 14 km. e picos por lugarejos e ‘villas’ que remontam a um período anterior à fundação da
nacionalidade. Descemos à escola de Gojas e Sendas, passando pela capela de
Santo Antão, uma capela edificada no século XIX com os materiais retirados da
antiga ermida de Nª Srª das Colmeias, com o intuito de centralizar o seu culto.
Seguimos por carreiros e caminhos, no meio de quintas, espigueiros e eiras tradicionais
e chegamos ao moinho
da Cerdeirinha, hoje desativado porque a água escasseia e a roda está destruída;
mas o seu interior está completo, com o engenho ainda em estado de utilização.
Daqui teremos de passar o primeiro conjunto de poldras e chegamos ao local de culto onde se erguia a antiga ermida. Hoje deparamo-nos com uma nova capelinha, mandada construir opor um benemérito em 2011. Veem-se ainda partes dos alicerces da antiga ermida. Outrora classificada como santuário mariano, remontam ao século XVIII as várias referências a procissões e ladainhas que evocam a intervenção divina para salvar as culturas das pragas (principalmente lagartas).
Daqui teremos de começar a subir pela encosta rodeados de pinheiros, passando pelo lendário penedo onde, dizem, apareceu a imagem da Senhora a uns pastorinhos cuja lenda transcrevo:
A LENDA DE NOSSA SENHORA DAS COLMEIAS
Existe perto
do lugar de Sendas, freguesia de Vila Maior, concelho de S. Pedro do Sul, uma
rocha monstruosa, em forma oval e que está suspensa, numa extremidade, por um
pequeno filamento também de granito. Parece desafiar as leis da física,
nomeadamente a da gravidade. Tem um grande nicho escavado na lombada
nascente. Ora, conta-se que duas crianças pastoreavam o seu rebanho
quando surgiu uma imprevista e forte trovoada, num dia quente e solarengo de
Maio. As ovelhas e as cabras berravam. As crianças tremiam mais de medo
do que de frio e começaram a rezar. Fugiram para debaixo do calhau. Veio
um forte relâmpago com um grande trovão que rachou de meio a meio um penedo
próximo, que se avista mais acima, o Penedo do Perigo, efeito que ainda hoje se
pode observar. Os pequenitos, desesperados, gritaram por Nossa Senhora das
Colmeias. Passada a tempestade, as crianças saíram do abrigo e ao
examinarem o estranho calhau, deparou-se-lhes no já referido nicho uma imagem
brilhante e resplandecente de Nossa Senhora das Colmeias. Mais tarde,
muito perto daquele local, foi construída uma capela em honra daquela Senhora. Diz-se
que essa imagem é a que ocupa o lugar central do altar da Capela de Santo
Antão, que fica entre as povoações de Goja e Sendas, na freguesia de Vila
Maior.
Mais acima, e
em forte subida pelas lajes alcançamos o penedo e o miradouro conhecido como o
Lagar dos Mouros. A observação de formações estranhas na superfície da rocha
levou o povo a tentar explicar a sua origem remota na época dos mouros, em que
uma moura que aí habitava, com metade do copo de mulher e outra metade de cabra,
escavou na rocha os berços dos seus filhos. Na realidade, o que aí se pode
observar é um conjunto de lagaretas escavadas na pré-história por moradores que
ocupariam este cabeço e onde se podiam esmagar grãos, sementes e, na devida
altura, depois da aprendizagem da sua técnica de fabrico, o vinho.
Desse local
tem-se uma vista privilegiada sobre os maciços montanhosos das beiras, desde o
Caramulo até à serra das Meadas.
Após uma longa
descida paralela ao leito do riacho, encontramos as poldras da Paúla. Pela primeira
vez, creio, vamos caminhar por poldras, uma sequência de pedras elevadas que
substituíam as pontes e que estavam sujeitas aos caprichos das torrentes das
ribeiras e rios.
Mais adiante
encontramos um magnífico trecho da estrada romana da Torre, em muitíssimo bom
estado de conservação, com grandes lajes de granito bem perfiladas no piso.
Depois de passarmos as alminhas entramos no largo do Cruzeiro, junto à igreja de
Vila maior.
Continuamos em
subida mais suave em direção às Eirinhas e mais adiante a Quinta da Moitinha,
onde é produzida grande quantidade do vinho de Lafões, uma variedade que nem é
verde, nem é maduro, mas tem muito grau. Depois de passarmos a vinha central
desta quinta, chegamos a Joazim, para visitarmos a Pedra Escrita, um penedo
granítico duro com inscrições pré-históricas ovais e em espiral. São típicas da
chamada “Arte Atlântica” e datam da Idade do Bronze.
A partir daqui
há que regressar ao ponto de partida, seguindo um trilho que, mais uma vez, nos brinda com espigueiros, alguns em ruínas ou em desuso, e casas que com eles sucumbem.
Tipo de Rota - Circular
Extensão - 14.6 km.
Desnível - 608 / 626 m Ascendente / Descendente
Dificuldade - Baixa/média
Duração - 4 horas
Em que data é esta caminhada?
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