sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Circo de Gredos e Laguna Grande

O denominado Circo de Gredos é o maior de todo o sistema montanhoso central da Serra de Gredos, com 32 hectares, e inclui o mítico Pico Almanzor, o teto mais alto deste sistema, com 2.592 m.
Os glaciares formaram o Circo de Gredos pela ação erosiva do gelo, ao deslocar-se pelo terreno. na realidade, o fundo da bacia glaciar não é a Lagoa Grande (a 1.949 m.), mas a cova ou buraca Antón, situada a 2.000 m., aos pés do pico Almanzor e rodeada de cumes que superam os 2.400 m.

A Laguna Grande e o seu fundo corresponde a uma das zonas de sobrescavação do glaciar, uma vez que o centro deste  se encontrava a uns 8 km. Hoje, a lagoa tem uma cor azul esverdeada, sinal de que é rica em nutrientes e minerais, mas à medida que as estações avançam, a água torna-se mais transparente, principalmente na altura do degelo. No verão é quando ela fervilha de vida, daí ser mais opaca. como disse, a superfície média das suas águas localiza-se nos 1.940 m., mas o seu fundo está exatamente a 1.935 m. de altitude. A Bacia onde se situa é bem grande, mas a lagoa ocupa menos de 7 hectares. A sua largura e comprimento máximos são 183 e 630 metros, respetivamente. Desde novembro até abril ou maio, ela apresenta-se coberta de gelo.

Num dos extremos da lagoa encontra-se o refúgio, um local altamente procurado durante todo o ano. Como se imagina, tendo uma cantina e bar, além de dormitório e outras estruturas de apoi, tudo nele é caríssimo e custa os olhos da cara. todas as mercadorias são transportadas por helicóptero ou dois robustos cavalos que por lá andam a pastar, quando não há neve que impeça os acessos..Junto ao refúgio Laguna de Gredos encontra-se um cruzamento de rotas e pontos de partida para Cinco Lagunas (3 horas), Gargantón (1 horas), Portella de los Machos (1.30), Portella Bermeja (2 horas), Pico Almanzor (2 horas), etc. Aqui as rotas medem-se em horas, porque as distâncias são relativas. A dificuldade de todas elas é elevada, pelo perfil do terreno e o acumulado a subir ou descer.
O percurso completo  consiste num trilho linear, de ida e volta, com um total de pouco mais de 12 km. Porém, quem tiver mais ousadia e desejar realizar o périplo completo da lagoa, pode acrescentar mais uns  5 km, que vale bem a pena.
A partida é feita da Plataforma de Gredos, um parque de estacionamento de acesso condicionado segundo o clima e mediante o pagamento de uma taxa. Quando o trilho está intransitável, o acesso é fechado. Como se imagina, o percurso implica subir uma das elevações que fazem parte do perímetro do glaciar.
Por esta razão, subimos até aos 2.200 antes de começarmos  descer para a bacia glaciar. Mas antes, teremos percorrido uns 2 km de subida por carreiro ladrilhado com grandes pedras, demarcado também por traves de madeira em alguns pontos, por causa das marcações e mariolas de neve, que são essenciais para a orientação.
À direita de quem sobe, aparece-nos o refúgio Reguero-llano, um espaço que acolhe até 45 pessoas, com quase todas as comodidades e que aceita reservas.
Passamos ainda por uma fonte onde um amigo, dono da serra, nos cumprimenta com gestos ameaçadores, mas que mostra a majestade deste anima, a cabra montês, aqui e ali curiosas companhias que chegam a vir ter connosco. Mas abaixo, na zona da lagoa, encontrei um rebanho delas que eram muito mais ariscas e, ao mesmo tempo, ameaçadoras, principalmente os machos.

Quando atingimos a zona mais alta da nossa subida, temos duas visões de tirar o fôlego: olhando para a direita, vemos um profundo vale que se estende em direção a Navaredonda; à esquerda esmaga-nos a visão das cordilheira em círculo, como um larguíssimo anfiteatro grego, cada pico parece mais agudo que o anterior, mas destaca-se por lá o Almanzor, o mais alto de todos,
A partir daqui temos de seguir em descida de zigue-zague, pisando as lajes de apoio e, já agora, bebendo água na fonte que, até hoje, me deu a água mais fria ao natural. Só quando se está quase no fundo da descida é que é possível avistar a lagoa grande, que, á primeira vista, parece bem pequena. Só lá chegando é que se vê que, afinal, merece o nome que tem, atendendo à localização e época do ano.
Vale a pena volta e, se  for possível, em, cada uma das estações, com novas cores e desafios.

Caraterísticas do percurso:
Tipo - Linear
Extensão - 12.8 km (sem contorno da lagoa)
Grau de dificuldade - 4,5 em 5 (Difícil)


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