terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

PR2 TBU - Caminho do Xisto de Sevilha



Afinal - quem diria?- Sevilha está aqui a dois passos. Bem encostadinha a ´Tábua, esta aldeia  deitada na margem esquerda do Mondego e atravessada pelo rio Cavalos, já não consegue ser um povoado tradicional, mas ainda guarda algumas preciosidades de outros tempo.



Na aldeia destaca-se a sua ponte romana e as belas quedas de água - praia fluvial e zona de lazer.




O percurso que propomos, com a designação técnica PR2 TBU - Caminho do Xisto de Sevilha, é bem enganador. Xisto, nem vê-lo, mas granito, muito. Começa na antiga escola primária, hoje uma associação juvenil, um espaço bem equipado com salão, cozinha, sala de estar e um dormitório com 5 beliches de duas camas. Leva-nos a descer para a aldeia e a atravessar a ponte romana para, logo de seguiida, viramos à direita, pelo meio dos verdes campos cor de limão.



Mais adiante encontramos uma bifurcação, onde se inicia o percurso circular. Recomenda-se que seja feito no sentido dos ponteiros do relógio, o que significa que deixamos à mão direita o vale do rio Cavalos e subimos ligeiramente para o topo da serra por estradão de terra e caminho florestal, em direção à Pedra da Sé. Nesse caminho avistam-se ruínas de casas agrícolas, hoje abandonadas, mas majestosas pelo granito que as compõe.

Assim devemos seguir, subindo e descendo de forma mais ligeira, seguindo às vezes paralelos à estrada que vai para Tábua, até atingirmos a magnífica penedia que é hoje conhecido como Pedra da Sé. É um grupo de rochas enormes, em granito, que apresentam diversas fendas profundas, da largura de um homem, muitas grutas e lapas.
É necessário ter muito cuidado com as quedas neste espaço.

Também de lá se tem uma panorâmica fabulosa sobre o rio Mondego (já em repouso por causa da albufeira da Aguieira) e, uma vez que andam em obras nos pilares da ponte, o nível de água deixa ver a antiga ponte submersa, um km. a montante da atual.
Depois de visitarmos o penedo, há que seguir em descida zigezagueada até quase ao nível do rio, saltando pelos penedos e passando por uma parede de um monólito com mais de 20 metros de altura, quase vertical, um local de mestre para fazer rappel e, talvez, escalada.


Como o objetivo é fechar o circuito, temos então de seguir as marcas que nos conduzem  até à Via Romana, um pequeno trajeto da via que, diz-se, ligava Bobadela a Santarém, passando por tomar.
Vê-se pouco, mas a informação no local esclarece que era uma via bem larga, com 4,70 metros nas retas e com 8 metros nas curvas.  Contrariamente às calçadas, estas vias só tinham pedras nas bermas e o enchimento do meio era feito com seixos e quartzo, para as tornar permeáveis  e impedir a formação de lama. Vê-se bem uma das bermas, mas a outra deve ter sido arrastada ou está coberta pelas derrocadas de terra.
Ainda descemos mais, até chegarmos mesmo às águas da albufeira, de onde se pode contemplar, no alto mais umas ruínas de uma casa majestosa, também ela sem telhado, mas ainda com soalho (de tacos). Não imaginava tal, mas o certo é que temos de subir até lá e passando por ela, continuar a subir, novamente até bem perto da estrada nacional.
Agora sim, sempre a descer, até atingirmos o leito do rio Cavalos, um afluente na margem sul do Mondego.  A paisagem revela-se muito bucólica, com diversos moinhos em ruínas.
Como sabemos, a casa moinho ou par deles correspondia um pequeno açude. por isso, o rio está cheio de belas cascatas de pequena altura, que lhe dão um murmúrio muito singelo e bem gostoso de ouvir.
Passamos bosques de carvalhos, sobreiros e amieiros, uma vegetação ripícula não muito comum,se excetuarmos os amieiros e salgueiros.Em determinado momento somos obrigados a passar sob uma larga laje que constiuiu, noutro tempo, um abrigo natural para animais. Parece uma gruta pequena, mas com entrada e saída.
Quase no fim deste belíssimo percurso somos obrigados a passar para a outra margem, por uma caleira que serve de ponte
e voltar a atravessar por uma ponte de metal, hoje muito inclinada, por causa da força da água que, ao arrastar árvores e troncos, pressionou a estrutura, inclinando-a. Nada que não se faça com calma e solidariedade.
E assim seguimos, até nos encontrarmos de novo com a bifurcação, fechando o percurso circular e percorrendo  o caminho que falta de regresso à aldeia. São 11 km. de pura contemplação e desafio.


Em síntese:
Tipo de percurso: Circular
Extensão: 11 km.
Grau de dificuldade: 3,5 numa escala de 5
Pontos de interesse: Sevilha, zona fluvial e de lazer, Pedra da Sé, Via Romana, albufeira do Mondego e leito do rio Cavalos.

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