sábado, 7 de janeiro de 2017

Pelo Vale Encantado - Da torre ao Mosteiro

O rio Varosa lavrou, na sua corrida para o Douro (não sem antes ter abraçado o seu irmão Balsemão), um vale de beleza impressionante que tem um título bem merecido: Vale Encantado. A caminhada que propomos, não marcada e com alguns acessos duvidosos, tem a extensão de uns 14 km, de perfil moderado. O ponto de saída foi a ponte fortificada da Ucanha e seguimos pela margem esquerda do rio, cruzando a antiga aldeia de Gouviães














e descendo pelo vale até um trecho ainda bem conservado de uma calçada romana.
Esse caminho cruza o rio Varosa no local de Vila Pouca através de uma ponte românica quase tão majestosa como as suas duas irmãs que se situam a montante: a ponte de S. João de Tarouca e a ponte de Mondim da Beira. A outra irmã, a mais velha e majestosa, é a da Ucanha, com uma função suplementar, como sabemos.
A ponte de Vila Pouca, sendo elevada no centro do arco, apresenta a configuração tradicional das pontes românicas. Junto ao contraforte direito encontra-se ainda um moinho de três pares de mós, creio que recentemente desativado.

Depois de Vila pouca, é sempre a subir até desviarmos à direita em descida suave até ao rio, de novo, em direção a um conjunto de quedas de água conhecidas como as cascatas do Varosa.
Permitem uma visita, mas será depois necessário voltar uns metros atrás, para iniciarmos uma subida em forte ascenso até à povoação de Murganheira (sim, aquela que vai dar o nome às caves e ao bem conhecido espumante, apesar de as caves se encontrarem bem distantes deste povo).
À saída da Murganheira voltamos a desviar à direita, pelo caminho de Regadas, agora em direção ao leito da ribeira que vem de Salzedas. Após uma pequena ponte seguimos à esquerda, por um carreiro instável de regadio (pequena levada) que nos conduz pela ribeira de Salzedas até ao caminho dos moinhos e daí até à povoação.




Como sabemos, Salzedas é uma das joias da presença monástica de Cister na região do Douro, apesar de hoje o mosteiro pouco ter da sua construção românica inicial. Com tempo, podemos visitá-lo, mas também a judiaria, um espaço que está a precisar de uma intervenção urgente antes que venha abaixo. Nas suas ruelas sentimos que o tempo parou, ou então sentimo-lo a nadar para trás. Um pouco de beleza decadente, no sentido mais literal...


Feita a visita, o caminho segue agora pela estrada que vai para a Capela da Sra da Piedade (Cemitério) e aí derivamos ligeiramente às esquerda, contornando a zona alta das vinhas das caves e entramos em Ucanha pela rua central, até cruzarmos a ponte.


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