O Caminho de Xisto da Ferraria de S. João é um percurso circular de
quase 5 km. com uma variante mais pequena e acessível, que permite encurtar
para metade e diminuir o grau de dificuldade para o mínimo. Supostamente, este
percurso completo passaria pelas hortas circundantes e que ladeiam a Ribeira
das Ferrarias, passando ainda por poços e picotas para tirar a água.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfDMZcO1Zwm4ULRKYz_-3DHkPSsWBUvwcpFcbC8So0jiP0x1uQPzLz75g189wuy_Jn8oS_SJLz43gFtelWK7BXCN9CHpOi84Zeujuj5NIXzvy-VKpWlHkzDHcPxNP5HWXfaT29nABsuqg/s320/1IMG_20180913_135535.jpg)
Acabando
esta parte em descida atinge-se a ponta mais a sul do mesmo, passando na Fraga
Amarela, com as suas cristas quartzíticas de tom amarelado, devido aos líquenes
que a cobrem, o que a distingue da Fraga Vermelha, que se lhe opõe do outro
lado do vale.
No regresso, feito pela crista do monte até ao ponto mais alto da
cumeada, descemos para a aldeia, passando nos currais comunitários, o ex-líbris
da caminhada, situado num dos limites da frondosa mata de sobreiros.
Alcandorada numa crista quartzítica no extremo sul da serra da Lousã,
aqui descobre-se como o xisto e o quartzo se casam numa união tão perfeita que
só poderia acontecer em Ferraria de São João. O material de construção
predominante é o quartzito, embora algumas fachadas dos edifícios se encontrem
rebocadas e pintadas de branco.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjejmKfStOW8tl0uitRhcl34c86aDEoVgGtV-tdxyipmOXsefkDp8rp8EQyHQ6nyqnvUyA9Szt2aSZhuvTUDmidsF5GEFz_Bx_SGcwKOdIIXan1r6_rPxbOYJtjGD0cLfVlHMzdCZ-UAdA/s320/1IMG_20180913_163917.jpg)
A malha urbana possui um núcleo central, mais denso, construções
genericamente alinhadas ao longo das ruas do aglomerado e um numeroso conjunto
de currais, agrupados num dos extremos da aldeia.
O cenário de fundo perfeito para emoldurar o ex-líbris da Aldeia: um
conjunto de currais comunitários na orla de um imenso e mágico montado de
sobreiros. Um dos projetos mais visíveis e de maior sucesso da Associação de
Moradores, revitalizada pelos novos habitantes, é a adoção de sobreiros. Nos incêndios
de junho de 2017, esta aldeia foi um grande exemplo de como a existência do
montado e outras árvores pouco combustíveis a salvou da tragédia. Hoje vê-se
bem a plantação de mais sobreiros, numa faixa protetora larga.
Esta aldeia possui, junto à capela,
o primeiro centro de BTT do país, um espaço de
apoio à prática desta modalidade e apoio mecânico às próprias bicicletas, com
lavagem, mecânica e ar para pneus.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVEprbwU0xz-BKv85dOteiMyq_MVxSvySZooVppn9ItXxC2PSEiD59951e8JuT2gQZDiStbGMzjvtLToeejvNUyzbURYSD596uMF_XpcOS7OzzF5CyQnxmCecqSb1pPPoUVBJma_fu8rY/s320/1IMG_20180913_132804.jpg)
Esta seria, supostamente a descrição que a rota contemplaria, contudo,
à data de hoje, setembro de 2018, este percurso está totalmente despojado do
interesse, devido ao incêndio que arrasou o trilho, levando a que na parte da
montanha não haja árvores e os pequenos tojos dominem, que algumas pontes e
passagens tenham ardido, impedindo a progressão e, em consequência o trilho
tenha sido votado ao abandono e a ribeira esteja coberta por vegetação e
inertes arrastados pela chuva, não sendo mais do que um rego húmido e com
alguns charcos aqui e ali.
Apesar disso, e uma vez que estava em campo para
traçar alguma via, descobri que seria fácil e possível ligar este trilho à
ermida de S. João do Deserto, e assim foi. Aproveitando a parte da Rota mais
próxima à aldeia de Ferraria de S. João, devemos fazer uma breve ascensão em
zig-zag, até atingirmos um caminho florestal que segue para norte e encontra a
estrada de macadame que nos levará até à ermida.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQTjkhIVV_13Fjra_3RB9F1P9vYr3-gsRP7LeMfgv8VJnVjXRiVKbjoov4bkurHJdZsV2Ezq-mP9fE8BGpAWKTea930-xmUgQFvKz0Tqk3xudIz-cwwuuo3CiVmmpKzY2R2wry8cg3e3Y/s320/1IMG_20180913_145913.jpg)
O espaço está à altitude de
854 metros e na fronteira do concelho de Penela com o de Miranda do Corvo. Este
miradouro domina uma vasta região, avistando-se para oeste Penela e Condeixa e
para norte e nordeste os contrafortes da serra da Lousã. Possui igualmente
vista sobre os campos circundantes marcados pela profusão de oliveiras e
nogueiras.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWd855XDagsx6jSsbcz59ji2lvqvqIfDiXcdLfNJxMC0HEBZRUhQDLdvPyAL3AOzR6uta9Dtxg1vO7Jy7aoi7QPFCC5n3cJpLLUaHBLPTJd1OjdEpnWlzrz8NSQllioKO6SMv8pS7B1Go/s320/1IMG_20180913_153358.jpg)
Local de grande interesse geológico, conhecido por Cristas dos
Penedos das Relvas ou Cristas do Espinhal, ou ainda por Teto das Ferrarias,
cuja formação rochosa remonta ao período Pré-Câmbrico. O miradouro, uma
construção de cimento e tijolo, à qual se acede por uma escada em cimento, está
exatamente construído sobre esta crista mais saliente.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIzV3g349hUDl_IwwUggpK_V-N1KjRz_H8fJl5tyzk_BbsPSx9ADKQJ4izOdPncX0a7rZIfazPBiCTxz_0QkKMrXfEglpQ8S0hvoROYUfzQcWer_iev0vyM4lfT0Oxm1HNb9a44DlFc-w/s320/1IMG_20180913_152619.jpg)
A propósito deste promontório, dizia-nos Eugénio de Castro: "Com um bom binóculo e um pouco de
imaginação, avistam-se dali cinco Distritos, além, evidentemente, do de
Coimbra: os Distritos de Leiria, Castelo Branco, Guarda, Viseu e Aveiro. Subir
alguns quilómetros para ver cinco Distritos, temos de reconhecer que vale a
pena. E não se gasta nada, a não ser as botas." Mal ele imaginava que as botas se podem também cansar.
No alto encontram-se alguns edifícios sendo de destacar, obviamente, a
capela e o miradouro.
A capela é dedicada ao culto de S. João e de Nª Serª do
Bom Despacho e remonta aos inícios do século XVI. Há lá um pequeno queimador de
velas, onde dois painéis de azulejos pintados com ingenuidade naïf evocam ambos
os cultos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNbpqp74ru_cCEr84ABG9XDONYGOVZuVHId0Z6fKogvH4QoO-xOZ1tU35ZQ-28a4ytZVB1YuEiYlOV1vTOkX0MKl_TZp0ODW34Kev36ofb0cg-rPCJZZNB7Ndx5IwKUD_4Ip2zex5fMvA/s320/1IMG_20180913_153116.jpg)
Espalhadas pelo recinto à volta encontram-se imensas pedras grandes e
trabalhadas para a construção de monumentos. Realizei algumas pesquisas, mas
não foi possível saber a sua origem: se pertencem a algum monumento
destruído ou se nunca foram usadas na
construção final ou, ainda, se pertenciam aqui ou não.
O regresso faz-se através de uma senda em terra, mas com um declive
muito acentuado. É possível depois seguir uma ou duas vias diferentes até à
aldeia. Uma delas passa ainda por uma pequena lagoa, que serve de manancial e
ponto de bebida para os inúmeros animais selvagens que povoam a serra.
Pessoalmente
ouvi uma manada de javalis a grunhir e vi 4 fêmeas de veado muito próximas
dessa mesma lagoa.