E viva o Sr. Comendador! |
A povoação de Pousaflores é hoje uma pequena aldeia, mas foi elevada à categoria de Vila, pela Carta de Foral que lhe
foi outorgada pelo Rei D. Manuel, em 12 de Novembro de 1514. Como sede
de concelho, teve Câmara, Pelourinho e Justiça própria. Hoje pode ver-se apenas uma parte da base e outra fração do fuste do pelourinho manuelino. A Igreja de Nossa Senhora das Neves é um templo não muito antigo,
de uma só nave, com cobertura
em madeira de três planos. A Capela-Mor que era abobadada, e de grande
interesse artístico, pela talha dourada que possuía, mas ardeu há mais
de
quarenta anos, devido a um curto-circuito, e, por isso, havendo falta
de recursos, a povoação optou por aproveitar apenas a parte de talha
sobrante na base e do meio para cima, depois de encabeçar as colunas,
preferiu uma pintura de Jerusalém, coisa que, no seu conjunto, não deixa
de marcar, pela estranheza.
Guarda duas imagens de carácter popular, em pedra, com algum interesse: S. Sebastião e a padroeira, Nossa Senhora das Neves. Este é um bom local para uma breve pausa à sombra das árvores do largo da igreja, até porque ali se inicia a subida ao Monte da Ovelha, mais conhecido localmente por serra do Anjo da Guarda.
É o troço mais exigente do percurso. E quando digo subida, é mesmo uma SUBIIIDAAA, com as 14 estações da Via Sacra para fazer. é o nosso sacrifício de domingo! Lá no alto, está a capela, estruturas de apoio e algumas construções museológicas. O Ciclo do Pão, relacionado com moinho de vento, e a ermida do Anjo da Guarda são apenas alguns dos atractivos daquela serra.
De lá avistam-se todas as grandes elevações da serra de Sicó, do Espinhal e da zona de Figueiró dos Vinhos. Se em alguns locais as silvas dão rosas, aqui as pedras dão cedros e ciprestes, pontos de abrigo de outras espécies.
De facto, a flora e fauna
são particularmente ricas, destacando-se a presença de perdizes, coelhos
bravos e de 27 espécies diferentes de orquídeas que ali florescem na
Primavera, além de pinheiros mansos, ciprestes, oliveiras e carvalhos. O
seu miradouro é também um excelente ponto de paragem. Passando a zona do moinho de vento e o miradouro da serra,
a rota começa a descida para Ansião. É exatamente aqui que deixamos de seguir o trilho marcado e derivamos à direita, numa descida íngreme para um vale que separa a serra do Mouro da monte da Ovelha. Não está nada assinalado, mas não há que perder.
Antes de começarmos a descida a sério, é possível observar uma pequena fórnea, que acaba por ser o início do canhão fluviocársico bastante incipiente, muito humanizado e coberto de vegetação, para voltar ao cruzamento inicial. Chegados ao vale do Camporês atravessa-se depois uma zona agrícola que conduz a Lisboinha e a Pousaflores, umas vezes por estrada, outras por caminhos agrícolas paralelos, mais ou menos 'limpos' e acessíveis.
NOTA: à ida ou à vinda, de carro, proponho uma visita ao centro de Chão de Couce e à igreja, onde figura um belo retábulo do grande pintor José Malhoa, figura familiar nesta região e que pintou uma bela imagem que humaniza os santos, afinal, aquilo que enforma a arte: a simplicidade do humano elevada ao sublime.
Caraterísticas do percurso:
Perfil - Circular
Extensão - 9,5 km.
Declive - Uma grande subida depois de Pousaflores e uma descida considerável depois do cabeço do Anjo.
Dificuldade - 3 em 5.