O Caminho do Xisto da
Benfeita é um percurso circular, partindo do centro
desta aldeia. O sentido aconselhável é o que sai em direção ao vale da Ribeira do Carcavão (anti-horário).
Entramos num estreito trilho,
ao longo da margem da ribeira, e tomamos contacto com pequenas, mas fantásticas quedas de água, bem
como com as transformações da paisagem, fruto da ação secular do Homem.
Dado o
forte declive desta zona, é
necessário deixar as margens da Ribeira e subirmos por antigas veredas rurais, com inúmeras
escadas em pedra, pelo que devemos
ter atenção redobrada. A fase de subida termina pouco depois da passagem por zonas em que a água trilhou o
seu percurso pela rocha. Uma
vez no cimo da crista rochosa, a vista que se alcança sobre todo o vale é deslumbrante.
Cruzamos uma estrada
asfaltada e abordamos a aldeia
do Sardal por um trilho suave contornando a encosta.
Após a passagem pelo interior da aldeia, iniciamos
a descida, utilizando caminhos e levadas estreitas mas bem definidas. Já em plena área de
Paisagem Protegida da Serra do Açor
encontramos a derivação (opcional) para uma descida curta à Fraga da Pena, zona de cascatas impressionantes.
Continuando em frente, atingimos
a aldeia de Pardieiros, onde existem serviços de apoio, sendo aconselhável a visita ao núcleo museológico
de temática rural. A partir daqui,
retomamos a descida para a Ribeira da Mata, ao longo da qual se fará o regresso à Benfeita, num ambiente em
que a prática agrícola e o aproveitamento
dos campos marcam a envolvente do percurso.
A Aldeia da Benfeita
possui um conjunto de pontos de interesse únicos, como é o caso da Torre da Paz e o
simbolismo que lhe está associado. Destacam-se
também a Igreja Matriz, os seus arruamentos tradicionais e a praia fluvial. A Loja Aldeias do Xisto e a
Casa-Museu Simões Dias permitem o
contacto com o património cultural e histórico local, bem como com o artesanato produzido na Freguesia, de que as
colheres de pau, o vestuário em
feltro e as casinhas de xisto são a principal referência. O Núcleo Museológico dos Pardieiros, permite conhecer as
vivências rurais desta população, representadas
por um vasto conjunto de instrumentos utilizados antigamente nas práticas
agrícolas e florestais. Nesta aldeia pode ainda saborear a gastronomia local, com destaque para o
cabrito, a chanfana, o bucho de Vila Cova
do Alva e a tigelada. Grande parte da área da Freguesia está inserida na Área de Paisagem Protegida da Serra do
Açor.
Encontramo-nos na Área
de Paisagem Protegida da Serra do Açor, em que se
destaca a Mata da Margaraça e a Fraga da Pena. A Mata da Margaraça é classificada
como Reserva Biogenética. É
uma das raras relíquias da vegetação natural das encostas xistosas do Centro de
Portugal, sendo um notável exemplo
do coberto florístico primitivo da Região.
Para além de espécies arbóreas como o carvalho,
o castanheiro, o azereiro ou o ulmeiro, a Mata possui
ainda numerosas plantas vasculares de grande interesse científico e endemismos dos quais se destacam o selo-de-salomão e o lírio
martagão. Já a Fraga
da Pena é uma zona de recreio e lazer, com quedas de água
originadas por um acidente
geológico, possuindo igualmente um conjunto florístico
de elevado interesse, conferindo um carácter singular à paisagem.
(Texto retirado e
adaptado do folheto do percurso)